Com certeza você já viu a cordilheira Paine em alguma foto ou site de viagem. Eu sempre tive vontade de conhecer essa região e por muito tempo ficava muito confusa como funcionavam as coisas por lá. Em setembro deste ano, tive a oportunidade de correr a Ultra Paine, uma ultra maratona que acontece dentro do parque, e já aproveitei a “desculpa”para visitar a região! Depois da corrida, tive a oportunidade de me hospedar por uns dias no Hotel Rio Serrano, onde acontece a chegada da prova, e vim contar aqui porque eu acho que ele é a melhor opção para quem quer conhecer aquela região!

Mas antes, vamos saber alguns detalhes importantes sobre o Chile.

Um pouco sobre o Parque Nacional Torres del Paine

O Parque Nacional Torres del Paine fica na região de Magalhães, ao sul da Patagônia Chilena, um lugar muito, muito longe, mas muito incrível! Foi transformado em Parque Nacional em 1950 e desde 1978 é Reserva da Biosfera, pela UNESCO. Com mais de 200 mil hectares, tem muita vida selvagem e uma natureza exuberante, com rios, lagos, glaciares, montanhas e muitos lugares lindos para explorar. Ali dentro do parque fica a Cordilheira Paine, com as Torres del Paine e os Cuernos del Paine (os dois pontos e as duas vistas mais famosas!).

Muitos animais podem ser encontrados aqui também, como lebres, raposas, condores, pumas, guanacos, entre outros!

 

É um destino para quem realmente ama a natureza, mas muita gente pensa que é apenas para quem gosta de acampar e caminhar o dia todo. Não é bem assim. Na verdade achei um destino bem eclético. Vamos lá!

• Pode ser uma viagem cara ou barata, simples ou luxuosa,  dependendo do seu estilo. Existem  hotéis luxuosos e com tudo incluído, os mais simples e os refúgios (tipo albergues de montanha ou lodges), ou mesmo a sua barraca, se você quiser acampar!
• É uma viagem com paisagens lindas, e você com certeza vai descobrir que o melhor jeito de conhecer a região é mesmo caminhando. Estas caminhadas podem ser longas e contínuas, se você escolher um dos circuitos famosos de trekking, caminhando até 20km por dia e se hospedando em barraca ou refúgios, ou podem ser caminhadas mais curtas e guiadas,  voltando para o conforto (e quentinho!) do seu hotel no fim do dia. Você também pode estar em algum refúgio ou hotel dentro do parque com seu carro e dirigir até o ponto inicial de sua trilha, para fazê-la sozinho, se quiser.
• Se quiser fazer algum circuito de trekking, você pode escolher entre o Circuito O e o Circuito W. O O é o mais longo, com 122  km e dá a volta no maciço Paine inteiro, e o W é mais curto, com 76km, e contorna uma face da cordilheira Paine passando pelo famoso Vale do Francês (apenas acessível por trilha – você não consegue chegar com passeios guiados aqui). Mesmo assim, eu sugiro que você faça alguns passeios que fizemos a partir do hotel além do trekking, pois será possível ver o parque de ângulos diferentes do que você verá dos circuitos.
• O aeroporto mais próximo é o de Punta Arenas, que fica a umas 5 horas de distância do parque. A cidade mais próxima de Torres del Paine é Puerto Natales, e muita gente usa de base para conhecer a região e fazer passeios de um dia, bate e volta para conhecer o parque nacional. Se você está com esta ideia em mente, vale saber que de Puerto Natales a Torres del Paine leva 1h30.

Como chegar

Bom, estamos no fim do mundo! As coisas são bem longe por aqui! Para chegar até Torres del Paine, você vai ter que voar até Santiago (nós voamos de Latam), de lá, voar até Punta Arenas, que é um vôo de 3h30, e de Punta Arenas, pegar um ônibus até Puerto Natales (5h) . Chegando em Puerto Natales, você vai ter que pegar um ônibus ou transfer para a entrada do parque (mais 1h30).

No mapa abaixo, você pode se localizar melhor para entender a região. Puerto Natales está bem na parte de baixo do mapa.

Para encontrar seus vôos, clique aqui!

Se você se hospedar no Rio Serrano, eles vão te buscar e levar para o aeroporto em Punta Arenas. O valor deste transfer está incluído nas estadias All-Inclusive! Se você estiver hospedado lá sem all-inclusive, custa de USD 1120,00 a USD 160,00 a pessoa. Mas o all-inclusive vale muito a pena.

Sobre o Rio Serrano Hotel + Spa

Desde que comecei minhas pesquisas sobre o que fazer quando estivesse na Patagônia, já gostei deste hotel. Ele fica exatamente 5 minutos de carro da entrada do parque, ao lado do Rio Serrano, e com uma vista privilegiada da cordilheira Paine. Não fica dentro do parque por um pequeno detalhe apenas, mas está muito próximo! Ele é todo cheio de janelões de vidro viradas para o maciço Paine e tem uma atmosfera muito agradável! É lindo!

Faça aqui a sua reserva no Rio Serrano Hotel + Spa.

All-inclusive?

Se você fizer uma breve pesquisa de hotéis nesta região, vai ver que a maioria deles (se não todos), oferecem o esquema de all-inclusive. E isso acontece justamente porque não existem opções de restaurantes e bares próximos. Apenas os hotéis mesmo. Ao não ser que você combine de almoçar em algum outro hotel, terá opções escassas de refeições fora da estrutura e vai acabar fazendo as refeições no seu hotel todos os dias.  Mas esqueça aquele esquema Resort Caribenho de buffets all-inclusive (que também não curto!), aqui, o all-inclusive é todo à la carte, com muitas opções de pratos pra escolher e comida excelente! Acho que foi um ponto super importante e alto da nossa estadia, já que tínhamos que comer no hotel, que a comida fosse boa! Foi super aprovado!

O hotel tem um restaurante, que serve o café da manhã, almoço e jantar, e um bar, que serve pratos menores, petiscos, hamburgers e drinks. Aliás, os drinks e bebidas alcoólicas também estão inclusos, apenas as bebidas Premium e drinks acima de USD 10,00 não entram. Mas são bem poucos drinks que custam mais do que isso e apenas bebidas muito diferentes. Nós bebemos vinho, cerveja e drinks como Pisco Sour sem nenhum adicional. Achei isso excelente também, porque não é aquele all-inclusive que tem as entrelinhas e cobra extra por muitas coisas.

Caso opte por não pagar o all-inclusive, saiba que os pratos e bebidas à la carte não são nada baratos. Uma janta pra duas pessoas com entrada, prato principal, vinho e água, sai facilmente por 600-700 reais. Se estiver no all-inclusive, não vai se preocupar com isso a cada refeição.

 

Outro ponto super importante e que vale MUITO a pena de se hospedar ali e com o esquema all-inclusive é que as entradas do Parque Nacional Torres del Paine estão incluídas e vários tours também! São 13 no total! Eles têm um calendário dos dias e quais tours estão disponíveis. Você pode reservar tudo na sua chegada ou fazer isso antes por email. Tours bem famosos como o trekking até a base das torres ou o Full Day Paine, que conhece todo o parque, estão nesse programa.

Além disso, quem se hospeda no sistema all-inclusive ganha desconto no spa, que acabou de abrir e é LINDO e também acesso à sauna e piscina! Eu que amo um spa fiquei super feliz!

Sobre o valor do all-inclusive valer a pena, é claro que isso é bem pessoal e a diferença da diária sem e com all-inclusive muda bastante, quase USD 1.000,00/dia. Mas se você calcular que cada passeio custa por dia mais ou menos USD 200,00/ USD 250,00 por pessoa, mais almoço e jantar (que custará pelo menos USD 100,00 o casal por refeição, sem entrada e sobremesa), mais o transfer e alguns drinks de uns USD 8,00 cada, acho que chega próximo. Eu gostei da opção all-inclusive! Claro que comemos e bebemos mais por causa disso, mas como é um lugar que você chega cedo dos passeios e não tem mais muitas atrações, poder fazer aperitivos à vontade é um diferencial enorme! Recomendo!

Veja mais sobre o sistema de all-inclusive do Rio Serrano no site do hotel.

Quartos

O hotel tem vários tipos de quarto, com preços diferentes e vistas diferentes também. Se eu puder dar um conselho, pague um pouquinho mais e se hospede nos quartos com janelas viradas pra cordilheira Paine. É muito lindo acordar com a vista das montanhas! Se você não quiser ou não puder gastar com isso, o hotel é cheio de janelas pra você apreciar a vista também e um super gramado com um deck pra relaxar! Mas acordar com essa vista foi maravilhoso!

Os quartos são bem espaçosos, bem equipados com roupões, chinelos, aquecimento, secador, frigobar (liberado no all-inclusive também!) e gostei bastante das amenities também!

Refeições

Como já comentei, almoço e jantar são servidos à la carte e o café da manhã é um buffet muito variado e delicioso! A vista do restaurante é de tirar o fôlego e fomos muito bem atendidos!

Além do restaurante, comemos várias vezes os petiscos no bar. Acho que é uma ótima opção para almoçar, já que o cardápio do restaurante, apesar de bem variado, ser o mesmo no almoço e jantar.

Spa

O Spa era recém inaugurado quando fomos no final de setembro! Tem uma piscina aquecida maravilhosa com uma vista mais linda ainda, massagens, academia e sauna seca! Fiz uma massagem relaxante que durou 1h30. O ambiente é muito bonito e para a gente que teve um azar no clima super frio e chuvoso alguns dias, foi uma ótima pedida para relaxar!

Passeios

Os passeios que estão incluídos na diária são um dos pontos altos da estadia. São 12 no total e mais a possibilidade de cavalgar pela região do hotel. Alguns são de dia inteiro (Full Day), outros de meio dia (Half Day). Nos de meio dia, você consegue fazer dois passeios no mesmo dia se quiser. Os guias são animados, conhecem muito o parque, explicam sobre flora, fauna, história, além de levarem lanchinhos e bebidas.

Além dos passeios que estão incluídos, eles reservaram para a gente a navegação no lago Grey, para ver o Glaciar Grey, um passeio pago à parte, mas que é realmente imperdível. Para reservar e saber mais, acesse o site aqui!

O mapa abaixo mostra alguns pontos importantes do Parque e seus arredores, como hotéis, mirantes, trajetos de trekking e da corrida Ultra Paine.

Os passeios são:

• Full Day Paine – Este passeio dá a volta completa nos principais pontos e mirantes do parque, com uma van e um guia! Inclui almoço!
• Full Day Trekking Base Torres – Este é um dos passeios mais famosos do parque! É um trekking pesado, de pelo menos 8 horas até a base das torres. Era um dos que eu mais queria fazer, mas nevou muito, as trilhas estavam perigosas e o tempo ficou fechado alguns dias, então quando abriu, escolhemos ver mais coisas do parque do que apenas esta trilha que ainda estava super perigosa. Mas acho que é um passeio imperdível, digamos assim.
• Full Day Trekking Chacabuco
• Half Day Trekking Mount Ferrier Viewpoint
• Half Day Trekking Pingo
• Half Day Trekking Salto Serrano
• Half Day Trekking Hidden Lagoon
• Half Day Trekking Cóndor Viewpoint – Trekking com bastante subida até o Mirador Cóndor
• Half Day Cuernos – Trekking bem lindo até o mirador Cuernos! Foi uma das minhas vistas preferidas da viagem.
• Half Day Trekking Aonikenk
• Half Day Trekking Playa Sarmiento – Trekking de nível fácil até a praia do Lago Sarmiento.
• Half Day Trekking Grey Beach – Trekking que vai até a praia do Lago Grey, de onde saem as navegações para a Grey Glacier.
• Half Day Rock Climbing: escalada em paredes de rocha, pertinho do hotel. Com guias, para todos os níveis.

Vou detalhar os que fizemos!

Half Day Playa Sarmiento: No primeiro dia, queríamos fazer o Full Day Base Torres, mas o tempo estava super fechado, então o pessoal do hotel sugeriu que fizéssemos o Trekking até a praia do Lago Sarmiento, que é o maior lago dentro do parque. Ele é um lago de água salgada, e é um dos 5 lugares do mundo que têm a cianobactéria, uma bactéria muito “do bem”, que faz como se fosse uma fotossíntese, mas que para isso, precisa de água, consumindo o gás carbônico e liberando oxigênio para nós respirarmos. Por causa desse processo, as rochas ficam com sedimentos destas bactérias, e ficam esbranquiçadas, como rochas de praia. É bem interessante.

A água deste lago é muito clara, mas por causa do tempo fechado, quase não dá pra ver nas fotos! É uma trilha bem bonita e, com tempo aberto, dá pra ver bem o maciço Paine.

Half Day Cuernos – Este trekking é também muito bonito! Mas pra ele ser totalmente aproveitado, vá quando não tiverem nuvens baixas e der pra ver bem as Torres  del Paine e os Cuernos del Paine. Se caminha algo em torno de meia hora até o Mirador Cuernos, que é de onde se tem a melhor vista deles. Muita gente pensa que os Cuernos del Paine são chamados assim por se parecerem com chifres, o que faria bastante sentido sentido, pois realmente parecem, mas a verdade é que são chamados assim pelo tipo de rocha pelo qual são formados, as rochas corneanas. Toda a cordilheira Paine é formada por rochas tipo sedimentares, corneanas e granito, e ela foi esculpida assim, do jeito que está hoje, pelo avanço dos glaciares há mais de 12 milhões de anos! Fizemos este trekking no mesmo dia que fomos para o Glaciar Grey! É um passeio bem curto, mas com uma vista fantástica!

No caminho vimos muitos Guanacos!

Full Day Paine – Este passeio de dia inteiro passa por todo o parque, para dar um panorama geral. Na parte da tarde ele vai para o lado oeste, setor que fica o Lago Grey, então como já tínhamos feito a navegação pelo lago e visto o lugar, fizemos apenas a parte da manhã do passeio, com algumas paradas extra que nosso guia mostrou. Esse passeio é lindo. Acho que não dá pra ir embora sem ver, pelo menos a parte da manhã. Entre ir com o tour ou fazer a navegação, eu faria a navegação no lago Grey e manteria este tour apenas na parte da manhã, usando o resto do dia para curtir o hotel. Vou mostrar as paradas do passeio pelas fotos!

Half Day Rock Climbing – Passeio de uma tarde, onde vamos até um paredão pertinho do hotel aprender a técnica da escalada em rochas. É acessível para todos os níveis e idades. Os guias são atenciosos e é tudo bem seguro. Vale a pena caso tenha uma tarde livre e não queira ficar relaxando no hotel (que também é uma ótima opção).

Quando visitar

O Parque fica aberto o ano inteiro, mas algumas trilhas, regiões e hotéis fecham no inverno, de junho até setembro, por causa do frio. A maioria deles reabrem final de setembro/ início de outubro, que foi a época que fomos. Apesar de ainda ser frio (pegamos uma semana atípica que até nevou MUITO), setembro e outubro são bons meses, pois não venta.

Nos meses de alta temporada, que são os meses de verão, de novembro até março, as temperaturas aumentam, mas com elas o vento aumenta muito também, tanto que algumas partes do parque ficam até mais perigosas, com ventos que chegam a 150 km/h. Com isso, mesmo com a temperatura mais alta, a sensação térmica é baixa, mas as chances de céu aberto são maiores, bem como as chances de parque e trilhas lotadas. Conversando com os guias do nosso hotel, eles falaram que gostam muito do mês de outubro, quando os termômetros já subiram um pouco, não existe vento e o parque ainda está vazio!

No geral, evite os meses de inverno, com chuva e frio. De resto, escolha dentro das suas expectativas!

Quantos dias ficar?

Nós ficamos 4 noites no Hotel, pois já estávamos em Puerto Natales antes, pois corremos a Ultra Paine. Mas eu acho que, para fazer bastante passeios e conhecer bem a região, ficaria pelo menos 6 noites! Se for fazer algum trekking mais longo, vale consultar guias ou blogs especializados, que detalham melhor os circuitos O e W.

Por enquanto é isso. Em breve, sai mais um post detalhado sobre o parque e a corrida Ultra Paine.
Obrigada pela visita e até a próxima!